Mudança desenvolve habilidade de negociação
Via Valor Econômico
Ficar no comando de uma operação depois de uma venda, fusão ou aquisição não significa apenas trabalho duro e uma nova lista de responsabilidades. Executivos e consultores de recursos humanos afirmam que a experiência pode expandir habilidades de gestão, como a capacidade de negociação, e prover lições de bom relacionamento e governança.
Para Bruno Villela de Andrade, professor do MBA de liderança e gestão da Saint Paul Escola de Negócios, a mudança ajuda a testar limites profissionais, tirando o gestor da zona de conforto. “Ele pode desenvolver competências que estavam adormecidas, como a resiliência, para lidar com desafios”, diz. “Ao mesmo tempo, ele terá que revisitar estratégias para garantir resultados e a sustentabilidade do negócio.”
André Martins, presidente da VB Serviços, de distribuição de benefícios como vale-transporte, afirma que se dispôs a aprender tudo o que podia para se alinhar à nova etapa da companhia, comprada em 2013 pelo grupo americano FleetCor. “Tirei o chapéu de dono e perguntei para o meu novo chefe o que ele esperava que eu fizesse.”
Como parte de uma empresa global, Martins descobriu uma cultura empresarial mais analítica, que exige do gestor um exame criterioso de informações internas e do mercado. “Aprendi a não tomar decisões apenas com base na percepção, mas na análise de dados, e mesclar o pragmatismo americano com a nossa flexibilidade”, afirma. “Além disso, há uma grande ênfase na governança corporativa, o que requer várias reuniões com diferentes grupos de trabalho com foco em produto, clientes e vendas.”
Guilherme Marback, sócio-diretor da consultoria Crescimentum, diz que o período após uma aquisição pode funcionar como um campo fértil para a aprendizagem na alta direção. “Oferecem situações que desorganizam o status quo e favorecem o ‘repensar’ de antigas práticas e modelos.”
Segundo Francisco Caiuby Vidigal Filho, presidente da Sompo Seguros, a mudança trouxe oportunidades de estabelecer laços profissionais fortes e adquirir mais conhecimentos sobre o mercado mundial de seguros. “É uma ocasião para colocar à prova a capacidade de negociação, descobrir que não é tão habilidoso em algumas situações e que precisará se corrigir, ou ainda perceber habilidades que nem conhecia.”
Fátima Motta, consultora da área de carreiras e professora da pós-graduação da ESPM-SP, afirma que é preciso que o líder esteja aberto a novos cenários e que encare a transição como uma chance de crescimento. “A empresa compradora terá pessoas e competências diferentes”, afirma. “Ela trará algo novo para o profissional – e o novo é sempre bom.”
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